Galera, aqui está o 1º capítulo de
A Marca de Atena(The Mark of Athena,no original). O livro tem 580 páginas e possivelmente será narrado por 4 semideuses.
ANNABETH
Até ela se encontrar com a estátua explosiva, Annabeth pensou que estava preparada para qualquer coisa.
Ela andava pelo convés do navio de guerra voardor, o Argo II, verificando e checando a balística para ter certeza que estavam trancadas. Ela confirmou que a bandeira branca “Nós viemos em paz” voava na frente do mastro. Ela reviu o plano com o resto da tripulação – e o plano B, e o plano B para o plano B.
O mais imporante, ela retirou o seu acompanhante de guerra enlouquecido, treinador Gleeson Hedge, e encorajou-o a tirar a manhã de folga em sua cabine e assistir reprises de um campeonato de artes marciais mistas (MMA). A última coisa que precisavam, pilotando um mágico trirreme grego para um acampamento romano potencialmente hostil era um sátiro de meia-idade usando roupas de ginástica acenando um porrete e gritando “Morra!”.
Tudo parecia estar em ordem. Mesmo aquele misterioso arrepio que ela estava sentindo desde que o navio lançou parecendo ter se dissipado, pelo menos por enquanto.
O navio de guerra desceu das nuvens, mas Annabeth não conseguia parar um segundo de pensar com si mesma. E se isso for uma má idéia? E se os romanos entraram em pânico e atacarem o navio?
O Argo II definitivamente não parecia amigável. Duzentos metros de comprimento, com um casco banhado em bronze com bestas repetidas na frente e atrás, um dragão flamejante de metal como uma figura de proa, e duas balistas montadas repetidamente que podiam disparar flechas explosivas poderosas o suficiente para acabar com concreto… bem, não foi o passeio mais apropriado para conhecer os vizinhos.
Annabeth tentou dar para os romanos um aviso que estavam chegando. Ela pediu para Leo enviar uma de suas invenções especiais – um pergaminho holográfico – para alertar seus amigos dentro do acampamento. Esperemos que a mensagem tenha chegado até lá. Leo queria pintar uma mensagem gigante na base do casco – “EAI!” e um rosto sorridente – mas Annabeth vetou a idéia. Ela não tinha certeza de que os romanos tinham um senso de humor.
Tarde demais para voltar agora.
As nuvens se quebraram em torno do casco, revelando os campos verdes e douradas das colinas de Oakland abaixo deles. Annabeth agarrou um dos escudos brozes que ladeavam a grade a estibordo.
Seus três tripulantes tomaram suas posições.
No convés da popa, Leo corria apressado como um louco, verificando seus medidores e alavancas. A maioria dos timoneiros teriam ficado satisfeitos com timão ou um leme. Leo também tinha instalado um teclado, monitor, de controles de aviação de um Learjet, uma mesa de som de dubstep, e um controle de sensores de movimentos de um Nintendo Wii. Ele poderia virar o navio puxando o acelerador, acionar armas de fogo por amostragem,um álbum ou levantar as velas agitando seus controles Wii rapidamente. Mesmo pelos padrões de semideuse, Leo tinha uma séria hiperatividade (TDAH).
Piper passeava para lá e para cá entre o mastro e as balistas, praticando suas falas.
“Abaixe as suas armas,” ela murmurou. “Nós só queremos conversar.”
Seu charme era tão poderoso, que as palavras fluíram sobre Annabeth, preenchendo-a com o desejo de largar sua adaga e ter uma conversa longa e agradável.
Para uma filha de Afrodite, Piper tentou com dificuldade subestimar a sua beleza. Hoje ela estava vestida com uma calça jeans surradas, tênis desgastados, e uma blusa regata branca com desenhos cor de rosa da Hello Kitty. (Talvez uma piada, embora Annabeth jamais poderia contar com Piper.) Seu cabelo castanho estava entrecortado trançado para o lado direito com penas de uma águia.
E então havia o namorado de Piper – Jason. Ele estava na proa sobre a plataforma elevada da besta, onde os romanos poderiam facilmente localizá-lo. Seus nós dos dedos estavam brancos no punho da sua espada de ouro. Caso contrário, ele parecia calmo para um cara que foi tornando-se um alvo. Sobre os seus jeans e sua camisa laranja do Acampamento Meio-Sangue, ele vestia uma tona e um manto roxo – símbolos de seu posto antigo como pretor. Com o vento em seus cabelos loiros e seus gelados olhos azuis, ele olhou robustamente formoso e no controle – assim como um filho de Júpiter deveria.
Ele cresceu no Acampamento Júpiter, por isso espero que o seu rosto familiar faça os romanos hesitarem em explodir o navio no céu.
Annabeth tentou lutar contra isso, mas ela ainda não confiava completamente no cara. Ele agiu perfeito demais – sempre seguindo as regras, sempre fazendo algo honroso. Ele mesmo parecia muito perfeito. No fundo de sua mente, ela tinha um pensamento incômodo: E se isso é um truque e ele nos trair? E se navegarmos para o Acampamento Júpiter, e ele dizer: “Ei, romanos! Confiram estes prisioneiros e este navio legal que eu trouxe para vocês!”
Annabeth duvidava que isso iria acontecer. Apesar disso, ela não conseguia olhar para ele sem ter um gosto amargo na boca. Ele faz parte do “programa de intercâmbio” forçado de Hera entre os dois acampamentos. Sua Mais Chata Majestade, a Rainha do Olimpo, tinha convencido os outros deuses que dois conjuntos de crianças – romanas e gregas – tinham que juntar forças para salvar o mundo da maldosa deusa Gaia, que está despertando da terra, e seus filhos horríveis os gigantes.
Sem avisar, Hera tinha arrancado Percy Jackson, o namorado de Annabeth, limpado sua memória, e o enviado para o acampamento romano. Em troca, os gregos receberam Jason. Nada disso era culpa de Jason, mas cada vez que Annabeth o via, lembrava o quanto ela sentia falta de Percy.
Percy… que estava em algum lugar abaixo deles.
“Oh, deuses“. O pânico tomou conta dela. Ela subestimou. Ela não podia se dar ao luxo de ficar sobrecarregada.
“Eu sou uma filha de Atena“, disse ela para si mesma. “Eu tenho que manter meu plano e não me distrair.”
Ela o sentiu novamente – aquele arrepio familiar, como se um boneco de neve estivesse se aproximando atrás dela e respirando em seu pescoço. Ela virou, mas ninguém estava lá.
Deve ser os nervos. Mesmo em um mundo de deuses e monstros, Annabeth não poderia acreditar que um novo navio de guerra seria assombrado. O Argo II estava bem protegido. Os escudos de bronze celestial ao longo da grade foram encantados para afastar os monstros, e seu sátiro a bordo, Treinador Hedge, teria farejado qualquer intruso.
Annabeth desejava que ela pudesse orar para sua mãe por orientação, mas isso não era possível agora. Não depois do mês passado, quando ela teve um encontro horrível com sua mãe e ganhou o pior presente de sua vida…
O frio pressionava mais perto. Ela pensou que havia escutado uma voz fraca ao vento, rindo. Todo músculo em seu corpo ficou tenso. Alguma coisa estava prestes a dar terrivelmente errado.
Ela quase mandou Leo para reverter o curso. E então, no vale abaixo, buzinas soaram. Os romanos tinham visto eles.
Annabeth pensou que saberia pelo que esperar. Jason havia descrito o Acampamento Júpiter para ela com grandes detalhes. Ainda assim, ela teve dificuldade em acreditar no que via. Cercado pelas montanhas de Oakland, o vale era no mínimo duas vezes maior que o Acampamento Meio-Sangue. Um pequeno rio serpentava em torno de um lado e enrolava-se em direção ao centro como a letra “G” maiúscula, desembocando em um cintilante lago azul.
Diretamente abaixo do barco, abrigado na borda do lago, a cidade de Nova Roma brilhava à luz do sol. Ela reconheceu os marcos que Jason disse a ela – hipódromo, o coliseu, os templos e parques, o bairro de Seven Hills com sinuosas ruas, vilas coloridas e jardins floridos.
Ela viu as evidências de uma recente batalha dos Romanos com um exército de monstros. A cúpula estava quebrada aberta em uma construção que ela achou que fosse a casa do Senado. A ampla Praça do Fórum estava marcada com crateras. Algumas fontes e estátuas estavam em ruinas.
Dezenas de crianças em togas estavam assistindo do lado de fora da casa do Senado para terem uma vista melhor do Argo II. Mais romanos emergiram das lojas e cafés, boquiabertos e apontando, enquanto o barco descia.
A cerca de uma milha à oeste, onde uma corneta soprava, um forte romano estava sobre uma colina. Ele tinha a aparência igual as ilustrações que Annabeth havia visto em livros militares de história – com uma trincheira defensiva alinhada com espigões, muros altos, e torres de vigilância armadas com escorpiões e balistas. Dentro, fileiras perfeitas de barracas brancas alinhavam-se na estrada principal – via Principalis.
Uma coluna de semideuses emergiu dos portões, suas armaduras e lanças brilhando enquanto eles se apressavam para a cidade. No meio das fileiras havia um elefante de guerra.
Annabeth queria pousar o Argo II antes que aquelas tropas chegassem, mas o chão ainda estava a muitos metros abaixo. Ela examinou o grupo, na esperança de ver um vislumbre de Percy.
Então algo atrás dela fez BOOM!
A explosão quase a jogou para fora da borda. Ela girou e encontrou-se frente a frente com uma estátua com raiva.
“Inaceitável!” ele gritou.
Aparentemente ele mesmo havia se explodido, ali mesmo no deck. Uma fumaça amarela e sulfurosa saia de seus ombros. As cinzas estavam em volta de seu cabelo cacheado. Da cintura para baixo, ele era nada mais que um pedestal de mármore quadrado. Da cintura para cima, ele era um humano musculoso em uma toga esculpida.
“Eu não terei armas dentro da Pomerian Line!” ele anunciou em uma agitada voz de professor. “Eu certamente não terei gregos!“
Jason direcionou à Annabeth um olhar que dizia “Eu cuido disso”. “Terminus,” ele disse. “Sou eu, Jason Grace.”
“Oh, eu me lembro de você, Jason!” Terminus resmungou. “Eu pensei que você tivesse um senso melhor do que afiliar-se com inimigos de Roma!”
“Mas eles não são inimigos-“
“Está certo,” Piper interveio. “Nós só queremos conversar. Se pudéssemos-“
“Ha!” disse a estátua. “Não tente usar seu poder de persuasão em mim, jovem garota. E abaixe sua adaga antes que dê um tapa nela e tire-a de suas mãos!”
Piper olhou para sua adaga de bronze, que ela aparentemente havia esquecido de estar segurando. “Um… está bem. Mas como você daria um tapa nela? Você não tem braços.”
“Impertinência!” Então teve um som agudo como POP e um flash amarelo. Piper gritou e deixou cair sua adaga, que agora estava soltando fumaça e faíscas.
“Sorte sua que eu acabei de estar em uma batalha,” Terminus anunciou. “Se eu estivesse com a força total, eu já teria explodido essa monstruosidade voadora para fora do céu!“
“Espera ai,” Leo deu eu passo a frente, sacudindo seu controle de Wii. “Você acabou de chamar o meu navio de uma monstruosidade? Eu sei que você não fez isso.“
A ideia de que Leo poderia atacar a estátua com seu controle de jogo foi o suficiente para tirar Annabeth de seu choque.
“Vamos nos acalmar.” Ela levantou as mãos para mostrar que não tinha armas. “Acho que você é Terminus, o deus dos limites. Jason me disse que você protege a cidade de Nova Roma, certo? Eu sou Annabeth Chase, filha de-“
“Oh, eu sei quem você é!” A estátua olhou para ela com seus olhos em branco. “Uma criança de Atena, a forma grega de Minerva. Escândalo! Vocês, gregos, não tem nenhum senso de decência. Nós romanos sabemos o lugar certo para essa de deusa.”
Annabeth cerrou a mandíbula. Essa estátua não estava deixando fácil as coisas serem diplomáticas. “O que você exatamente quer dizer com essa deusa? E o que tem de tão escandaloso em – “
“Certo!” Jason interrompeu. “De qualquer forma, Terminus, nós estamos aqui em uma missão de paz. Nós adoraríamos ter permissão para aterrissar então poderíamos - “
“Impossível!” o deus resmungou. “Abaixe suas armas e rendam-se! Saiam da minha cidade imediatamente!“
“Qual desses?” Leo perguntou. “Se render, ou sair?
“Os dois!” Terminus disse. “Rendam-se, e então saiam. Eu estou batendo em seu rosto por fazer uma pergunta tão estúpida, seu garoto ridículo! Você sentiu isso?“
“Wow.” Leo estou Terminus com um olhar profissional. “Você está muito enrolado. Você tem alguma engrenagem que precise ser afrouxada? Eu poderia dar uma olhada.“
Ele trocou o controle de Wii por uma chave de fenda no seu cinto mágico e bateu no pedestal da estátua.
“Pare com isso!” Terminus insistiu. Outra pequena explosão fez Leo derrubar sua chave de fenda. “Armas não são permitidas em solo romano dentro da Pomerian Line.“
“Linha o que?” Piper perguntou.
“Limite da cidade.” Jason traduziu.
“E todo este navio é uma arma!” Terminus disse. “Vocês não podem aterrissar!“
Descendo o vale, uma legião de reforços estava a meio caminho da cidade. A multidão em frente ao Fórum era mais de uma centena agora. Annabeth examinou os rostos e… Ah, deuses. Ela viu ele. Ele estava caminhando para o navio com os braços em volta de duas outras crianças como se fossem melhores amigos – um menino robusto com um corte preto, e uma garota vestindo um elmo da cavalaria romana. Percy parecia a vontade, tão feliz. Ele vestia uma capa romana como a Jason – a marca de praetor.
O coração de Annabeth fez um circuito de ginástica.
“Leo, pare o navio” ela ordenou.
“O que?“
“Você me ouviu. Mantenha-nos onde estamos.”
Leo pegou seu controle e puxou-o para cima. Todos os noventa remos congelaram. O navio parou de descer.
“Terminus,” Annabeth disse, “não existe nenhuma regra contra flutuar sobre Nova Roma, existe?“
A estátua franziu a testa. “Bem, não…“
“Nós podemos manter o navio no ar,” Annabeth disse. “Vamos usar a escada de corda para chegar ao Fórum. Desta forma, o navio não estará em solo romano. Não tecnicamente.“
A estátua pareceu ponderar isso. Annabeth perguntou se ele estava coçando sua bochecha com suas mãos imaginárias.
“Eu gosto de aspectos técnicos,” ele admitiu. “Ainda assim…“
“Todas nossas armas ficarão a bordo deste navio,” Annabeth prometeu. “Eu presumo que os romanos – mesmo estes reforços marchando até nós – também terão que honrar suas regras dentro da Pomerian Line se você disser a eles, certo?“
“Mas é claro!” Terminus disse. “Eu pareço com o tipo que tolera infratores?“
“Uh… Annabeth…” Leo disse. “Você tem certeza que essa é uma boa ideia?“
Ela fechou os punhos para impedi-los de tremer. Aquela sensação gelada ainda estava aqui.
Isso flutuava atrás dela, e agora que Terminus não estava mais gritando e causando explosões, ela pensou que podia ouvir a presença rindo, como se estivesse contente pelas más escolhas que ela estava fazendo.
Mas Percy estava aqui em baixo… ele estava tão perto. Ela tinha que alcançá-lo.
“Vai ficar tudo bem,” ela disse. “Ninguém estará armado. Podemos conversar em paz.”
Terminus vai certificar-se que ambos os lado obedeçam as regras. Ela olhou para a estátua de mármore. “Temos um acordo?“
Terminus fungou. “Eu suponho. Por enquanto. Você deve descer a escada à Nova Roma, filha de Atena. Por favor, tente não destruir minha cidade.”
